jueves, mayo 25, 2006

Lugar comum?

Não vou me meter aqui a analisar efeitos e, principalmente, causas da semana de pânico na capital paulista. Primeiro porque é uma discussão longa e sem veredictos ou verdades absolutas. Segundo porque pretensão tem limite.

Na quinta-feira, três dias depois do toque de recolher forçado pelos boatos e pela onda de terror, fui a um bar tomar uma com um amigo. Quando já estava de saída, chegou um primo dele. Mais ou menos a minha idade. PM.

Como o assunto já era este mesmo antes da chegada do “oficial”, depois então ficou impossível falar de outra coisa. E entre goles e afirmações profundas, eu ouvi que a polícia tinha que matar todo mundo. Na dúvida era para apagar.
O distinto guardinha disse que a população é composta, em sua maioria, por “zé povinho” porque não aceita ser abordada pelos policiais com a arma apontada para o rosto. “É para segurança geral. Bandido não tem mais cara.” Quase um filósofo.

O mais interessante é achar que apontar revólver pra cara de filhinho de papai que fuma baseado nas ruas é prova da eficiência e coragem.

Lembro de um amigo de infância que, devido às causas que eu não quis discutir acima, foi morar no Jardim Ângela. Estrada do M’Boi Mirim. Rota Racionais MCs. “No extremo sul da Zona Sul tá tudo errado”, já disse Mano Brown. Certa vez este amigo me disse: “a polícia não entra onde eu moro. Eles têm medo. Ficam por perto. Mas sabem que se entrarem na favela, não saem vivos.”
Estas palavras voltaram à minha mente enquanto escutava o jovem projeto de Rambo dar a receita para acabar com a criminalidade. Até pensei em discutir. Mas era mais fácil pagar minha cerveja e deixá-los lá.

Não estou do lado da “bandidagem” nem fico feliz de saber que viramos o Rio de Janeiro. Mas é latente a diferença: enquanto uma organização trabalha de forma cerebral, com arrecadação de dinheiro, infiltração nas corporações (o que a polícia deveria fazer no tráfico), hierarquia e estratégia, do outro lado temos verdadeiras bestas de farda a serviço da população, com discurso burro e simplista, achando que agir de forma truculenta é o melhor remédio.

Acho mesmo que o tal Marcola não leu todos os livros que falaram e talvez nem tenha chegado perto de Dante Alighieri como foi publicado. Aquelas frases no gerúndio reproduzidas de uma fita realmente soam verdadeiras. Mas uma coisa é certa: ele está anos-luz à frente das nossas autoridades “a nível de” organização.

2 Comentarios:

Blogger db dijo...

o que eu acho é que as autoridades nao estao atrás dos bandidos, mas do lado deles. O que deve ter gente com rabo preso com eles, com grana de campanha e afins...

5:06 p. m.  
Anonymous Anónimo dijo...

Concordo com vc, Musoh, concordo com o Dani, acho que tem PM bom, sim. Mas "caras" como esse com quem vc conversou é muito mais bandido que qq bandido.

4:35 p. m.  

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