sábado, septiembre 22, 2007

Tropa de Elite

Toda a polêmica e burburinho provocados pela pirataria de “Tropa de Elite” antes do lançamento faz pensar que há jogada de marketing e que o barulho é maior do que a qualidade do filme. Mas não é.

Independente do quesito pirataria, o filme é excelente. Excelente porque retrata a violência do Rio de Janeiro e brasileira sob um ponto de vista diferente, o da polícia, e porque é um belo tapa na cara. Ao contrário do que se pode imaginar, não condena os traficantes, embora também não os defenda. É um tapa na cara da classe alta, da elite que tem acesso a faculdades e vida digna neste país. Pelo menos assim é a cópia pirata que eu assisti, antes do último corte do diretor José Padilha. (“Rico com consciência social não entende que guerra é guerra.”)

A narração do Capitão Nascimento, do BOPE, interpretado pelo ótimo ator Wagner Moura (pena que ele tenha de fazer novelas da Globo pra ganhar dinheiro), é forte, ácida e ao mesmo tempo bem-humorada. Em um filme com cenas de tortura, é possível dar risadas, acreditem.

A análise sociológica, chamada de filosofia de botequim por alguns, é bastante interessante. É clichê dizer que ocorre violência no morro porque a classe média consome drogas? É. Mas é verdade. E a maneira de contar esta história é que faz o filme valer a pena. (“Fico me perguntando quantas crianças têm que morrer na favela pra um playboy apertar um baseado.”)

O filme, contado sob a perspectiva da polícia, já que tem como co-roteirista um ex-capitão do BOPE, foge de maniqueísmos, ainda bem. Ele não glorifica mocinhos nem bandidos, embora tenda a vender os capitães do BOPE como heróis. Tende, porque mostra cenas de tortura pouco louváveis praticadas por estes policiais. Quem assiste ao filme escolhe se os aceita ou não como últimos bastiões da segurança nacional. Exibir cenas fortes é ilustrar com doses de realidade o que realmente acontece. Qualquer um no Brasil com um pouco de informação sabe que nada do que está ali é inverossímil.

Eletrizante, a obra de José Padilha deve ser a escolha para representar o Brasil no Oscar. Tende a colher os louros não obtidos por “Cidade de Deus” no passado. A comparação com os dois filmes não deve ser levada adiante: ambos retratam a violência no Rio de Janeiro. Paremos por aqui. “Tropa de Elite” é muito mais real, tem outros propósitos, é contemporâneo, é narrado sob outra óptica.

Este texto não é uma tentativa de crítica sobre o filme. Nem quero contá-lo aos que ainda não o assistiram. Quero dizer aos meus fiéis três leitores que realmente vale a pena.

Quanto à pirataria, não tenho pudor em admitir. Vou ver o filme novamente no cinema e pretendo comprar o DVD. Mas, se levar os conceitos do filme à risca, sou culpado pela morte de alguém por ter aceitado a cópia pirata do filme emprestada por um amigo.

Agora é só pegar a 12. (Atenção para a última cena do filme.)

5 Comentarios:

Blogger FAFÁ dijo...

não glorifico a pirataria, se ela está aí é pq dá para deixar filmes e cds mais baratos para que todos tenham acesso. cinema a 18/20 contos é insustentável. dps dizem q o brasileiro não tem cultura. ops, isto aqui já não é um comentário e sim um post.

9:15 a. m.  
Blogger db dijo...

no caso deste filme, dps de ler o comentário do meirelles, foi uma boa jogada de marketing esta coisa do filme 'vazar'. gostei da crítica

2:33 p. m.  
Blogger Unknown dijo...

Não vejo a hora do filme estrear. E posso abusar e pedir? Assite "Querô", que além de soco do estômago tem vários outros socos em vários lugares doloridos, e escreve sobre ele??? Diz que sim?

6:30 p. m.  
Anonymous Anónimo dijo...

Argentino, mandastes bem! Fiquei com vontade de ver o filme!

11:07 a. m.  
Blogger Márcia dijo...

OU seja, que eu já nao conto mais como leitora???
Guarda a cópia pirata (ou melhor faz uma cópia, no?) pra mim, pq divido q este filme chegue por aqui....

4:01 p. m.  

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