martes, junio 27, 2006

Copa do Mundo da imbecilidade

Já era de se esperar. Jogo do Brasil na Copa ao meio-dia. A empresa não poderia dispensar os funcionários como fez nas outras partidas. Afinal, um dia inteiro de expediente seria desperdiçado. Prazos a cumprir, dinheiro para entrar.

Então um retroprojetor foi colocado no último andar do prédio em uma sala espaçosa, dividida com pessoas de outra empresa. Nem sei qual.

Aquele amontoado de gente, camisas do Brasil, cornetas, faixas, adereços... começa o jogo e também o festival de imbecilidades. A primeira bola perdida já gera gritos. Histeria feminina. O primeiro gol sai aos cinco minutos e o tumulto é geral. Mal dá pra ver a bola entrar no gol porque já estava todo mundo de pé em frente à imagem na parede.

E os gritos histéricos e suspiros se repetem. Até aí, normal. De repente o Juan cai em uma disputa de bola. A câmera fecha na cara dele e o GC informa o nome do jogador. "Quem é este Juan", pergunta uma. Segue o jogo e o sujeito (meu colega de trabalho) que está ao meu lado reclama: "O Zé Roberto tá fazendo o quê lá na frente? Pensa que é centroavante?"

Final do primeiro tempo se aproxima e o resultado magro preocupa todos. O outro mais ao lado dá a solução: "Tem que tirar o Adriano e colocar o Mineiro. Aí é só adiantar o Ronaldinho." Não consegui ficar quieto: "Você é são-paulino?" Na mosca. Difícil de saber.

Sai o segundo gol dos pés de Lúcio, minutos antes xingado por alguns presentes. Intervalo. Comilança, bebança e mais um monte de besteiras. Preferi não falar com ninguém e aproveitar a bóia de graça por conta da "firrrrma".

Começa o segundo tempo. "Parreira burro", alguém insiste desde o primeiro tempo. Mais alguns minutos e outra reclamação: "O time está recuado demais." Dida faz uma defesa espetacular cara a cara. "Aprendeu no Parque São Jorge." "Não, ele aprendeu mesmo no São Paulo", responde o pseudo são-paulino, seguidor de Bill Gates. "O que você está falando?" "Ele não jogou no São Paulo?" O mano do lado corrige: "Ele jogou no Palmeiras." Pérolas. Deviam estar brincando de Barbie quando Dida apareceu pro futebol.

Mais adiante o jogo vai ficando perigoso. "Este juiz não me enGANA". Piadas infames. Falta paciência. Ou uma granada. Chegamos perto do final do jogo, Zé Roberto de novo está quase na área com a bola. "O que ele está fazendo aí? Pelo amor de Deus!", reclama de novo o distinto ao lado. Gritos, histeria. Gana vai para o ataque. Coro feminino: "Tira, tira." Dida faz mais uma defesa. “Foi sorte", balbucia um idiota.

No final do jogo, Zé Roberto é lançado por Ricardinho, entra livre e fecha o placar. Boa lição para o garoto que brincava de Barbie aprender que meio-campista foi feito para avançar em espaço vazio quando os companheiros estão marcados.

Antes do final, acho que a pedra mais preciosa do momento: Roberto Carlos arrisca um chute de longa distância. Filhote de Bill Gates emenda: "Lembra daquele gol do Brasil de trás do meio do campo? Acho que foi o Zico na Copa de 94." É. Pena que a última Copa do Zico foi em 86. Mas isso ele nem sabe. Aí vem o outro, o mesmo que disse que o Dida tinha jogado no Palmeiras e corrige: "Não, este foi o Nelinho em 82." Acho que ele falava do gol do ex-lateral contra a Itália na decisão do terceiro lugar na Copa de 78.

Acabou. Todos felizes voltam para trabalhar, o que demora ainda mais uns 40 minutos a acontecer de fato. Mas enfim... apesar dessa diarréia verbal promovida por mulheres, viados e idiotas, ainda prefiro isso a estar em uma redação fazendo quatro matérias ao mesmo tempo, ao vivo, cortando foto, e atendendo ao chefe gago “semianalfa” que viaja o mundo para acariciar o órgão genital do assessor de imprensa da CBF.

5 Comentarios:

Anonymous Anónimo dijo...

Só gostei mesmo do último parágrafo!

5:06 p. m.  
Blogger db dijo...

na boa, mas esta reclamando de barriga cheia, argentino. mas que eu gostei do "eles brincavam de barbie"! Ou era de barbie ou era de Suzi.

8:07 p. m.  
Blogger FAFÁ dijo...

Bem ao menos na firrrma onde trabalha vcs puderam assistir ao jogo. E o tribunal que manteve o expediente normal. Ainda tive que escutar: "a justiça nunca trabalha e resolveu trabalhar logo hoje?!"

8:31 p. m.  
Anonymous Anónimo dijo...

eu gostei da parte "falta paciencia ou uma granada"...rs

5:26 p. m.  
Anonymous Anónimo dijo...

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