jueves, diciembre 04, 2008

Fetiche - 1

Estava pensando no que escrever, sem inspiração alguma, e como é fácil enganar meus leitores copiando textos aqui, por mais que eles (os leitores) valham a pena. Em um suspiro nostálgico, lembro-me que os blogs proliferam pela web, mas às vezes sem muito o que dizer. O que falar de música, se punks como Kurt Cobain e Joey Ramone não existem mais? Lamentar-nos da morte de deles para sempre? O que falar de política, se Lula virou FHC e Obama está se mostrando Lula, dando cargos pro PFL norte-americano e pra Hilary Clinton?

Dá vontade de falar de futebol, com um Brasileiro minguado, disputado, mas nivelado por baixo, com o time menos incompetente prestes a ser campeão, mas incapaz de arrancar suspiros por algo mostrado? Que ganhem os outros, os gaúchos, tão chochos quanto.

Talvez seja a hora de falar de cinema. Afinal, Tarantino está vivo, Woody Allen também. Irmãos Coen trabalham a todo vapor e até o cinema brasileiro renasce das cinzas...

Mas o que falar de cinema, afinal?

Roberto estava na sala escura, feliz por ter conseguido uma folga no meio da semana. Terça-feira, 3h da tarde, só tem velhinha e desempregados no cinema. "E eu", pensou.

Lá pela sexta cena do filme senta ao seu lado uma bela morena. Ele demora um minuto para se dar conta de que havia 187 lugares livres e ela sentou justamente ali. Quer olhar para o rosto dela, mas como fazer isso sem que perceba? Por qual motivo ele olharia para o lado? Sente o perfume dela, ouve a respiração, mas não tem coragem de falar nada. A mulher, de saias e salto alto preto, parece entretida com o filme.

Já é metade da película e nada acontece. Ele passara quase uma hora tentando entender porque ela sentaria ali. Convenceu-se: "sim, ela quer dar pra mim. Só pode ser. É uma daquelas sortes grandes que só acontecem uma vez."

Começa a tomar coragem pra ir pra cima. Tocar a mão, perguntar o nome, ou já sair agarrando... qualquer coisa. Precisa fazer algo, é a oportunidade de uma vida! De repente, uma cena de sexo na tela. Caramba, que momento propício. Respira fundo, se ajeita na cadeira, olha pro lado e... ela levantou! Como? Por que? Está louca?

Rapidamente ele se recompõe, fingindo que a virada de pescoço foi apenas aquele movimento involuntário social de perceber a chegada ou saída de quem está sentado perto de você. E como esta atriz é gostosa! Sente uma ereção. Ainda bem que ninguém está vendo! Nossa, por que isso foi acontecer? "Acho que foi mais o tesão na mulher aqui do lado do que pela que está na tela", respondeu a si próprio.

O filme parte para uma perseguição policial. Carros entrando na contramão, tiros, derrapagens, e... opa.

"Tudo bem?" "Tudo." "Apenas me beije, não fale nada. Estou sem calcinha, sentando agora em você. Me faça feliz, eu te faço feliz. Não pergunte meu nome, meu telefone, nem nada. Apenas curta o momento. Posso te garantir que não tenho doença alguma." O tesão era tanto, que os dois gozaram antes da perseguição de carros acabar. Ela sussurou no ouvido, suavemente: "Obrigada", com aquela boca de batom vermelho.

De calça ainda aberta e embasbacado, Roberto limpou a gota final que insiste em lambusar tudo nas "fodas sentado' com o saco da pipoca. Viu o final do filme, embora não tenha entendido até agora porque o policial não prendeu o traficante, já que chegou a algemá-lo.

As luzes acenderam. Levantou-se. Caminhou lentamente para o fundo da sala. No canto esquerdo, uma senhora de cabelos brancos, com colar de pérolas, blusa de lã e boca roseada. Ele pode jurar até agora que ela piscou pra ele.

2 Comentarios:

Blogger db dijo...

boaaaaaaaaaaaaa betao!

6:08 p. m.  
Blogger FAFÁ dijo...

o detonador de vovós! boa Robertão

8:39 a. m.  

Publicar un comentario

Suscribirse a Comentarios de la entrada [Atom]

<< Página Principal