Fetiche - 2

Foi parar mais uma vez naquela clínica de massagem por conta da tendinite que o trabalho contínuo no computador lhe provocou. Já conhecia quase todas as "terapeutas" e os "terapeutas" também. Mas não fazia com homens, não gostava de ser tocado por eles. "Não é preconceito, é porque sempre saí mais dolorido do que aliviado quando fiz com terapeutas homens", justificava-se, com frequencia, para as recepcionistas.

Mas desta vez não poderia fazer com a japonesa que sempre o atendia. Era a sua favorita, pois apertava de verdade e ele saía de lá novo. A recepcionista ofereceu: "Tem a Margarete e o Jorjão". "A Margarete", escolheu, sem pestanejar. Esta era nova, ele não conhecia. "Só falta eu vir aqui, deixar meu dinheiro e voltar pra casa com dor", pensou.

Quando entrou no quarto, notou que a tal Margarete poderia ser massoterapeuta de novela da Globo. "Que gostosa!", pensou. Mas aquela clínica era séria, não era dessas que custam uma fortuna e a massagem é de outro jeito. Das que terminam com relaxamento manual ou oral, conforme escolha do freguês.

Deitou na maca, de bruços, como de costume, após tirar a camisa. "Pode desabotoar o primeiro botão da calça, por favor?" "Claro." Fez, sem entender direito o pedido. Logo depois notou que havia uma toalha cobrindo o começo do seu cofrinho e sentiu-se mais à vontade.

Com um pouco de creme, Margarete começou pelas costas, o que já provocava um belo alívio. "Se doer, avise, ok?" "Sim, tá tudo bem, pode continuar", ele respondeu. E assim foi... ombros, braços, mãos. Uns 20 minutos depois ela chegou nas coxas, após sutis apertões na bunda. Foi então que ele começou a sentir que alguns músculos nunca tocados por uma massoterapeuta poderiam fazer parte de uma sessão de shiatsu. Ela tocou os músculos internos das coxas, com firmeza e ele sentiu um príncipio de ereção. Decidiu se fazer de tonto. Afinal, ela não podia reclamar de uma pequena paudurescência, né? Segundos após, ela diz: "Com licença, um minuto." E saiu.

Ele pensou: "Merda, eu fiquei de pau duro e ela notou. Foi reclamar pra alguém. Vão pedir pra eu ir embora e tal. Putz, que vergonha, não posso mais voltar aqui... " Mas seu dedo ainda estava em riste. Resolveu então voltar à posição original, de bruços, na maca, como se nada tivesse acontecido.

Ele ouvia vozes, mas não entendia o que falavam lá fora. Ele acha que passaram uns dois minutos quando ouviu a porta abrir e ser fechada. Logo sentiu, novamente, uma mão com creme nas coxas. Sua pija, que já tinha começado a ficar meio frapê, voltou a subir, como qualquer bandeira em mastro em dia de hino nacional.

Para enorme surpresa e alegria, as mãos desceram até os pés e voltaram às coxas, abrindo seu zíper. "Ai, caralho, vou comer a massagsta", pensou. "Ou pelo menos vou ganhar uma paja." A mão, delicada, passou pela calça, ultrapassou a barreira da cueca e encheu a mão no fatwire de Andrade. Já dizia o sábio que a melhor punheta é a batida com as mãos alheias e, empolgadíssimo, não demorou a lembrar seus tempos de galo adolescente.

Virou-se para olhar para a moça e pedir um pedaço de papel para limpar a sujeira: "Oi, eu sou o Jorge."

Quer ganhar dinheiro no Brasil?

- Desaprenda a língua portuguesa, abuse do gerúndio e de "a nível de";

- Chame colegas de trabalho ou funcionários de "recursos";

- Não precisa ser expert, mas saiba mexer no Excel e em PowerPoint;

- Saiba entender e manipular números minimamente, e aprenda a fazer cronogramas bonitos e coloridos;

- Se tiver um pouco de habilidade para isso, aprenda a programar em alguma linguagem. Java, C, Perl, Python, o que for;

- Dê carrinho na lateral, em frente à torcida: em reuniões com diretores mostre-se proativo, atento, organizado, responsável e preocupado; (quando eles não estiverem por perto, não se preocupe);

- Faça relacionamentos, chame as pessoas pelo nome, finja estar feliz em vê-las... sorria para todos e nunca se negue a fazer nada, mesmo que não vá fazer;

- Responda emails aos feriados ou madrugadas, só para se valorizar e fingir que é um "workaholic";

- No caso de liderar uma equipe, cerque-se de pessoas boas e apenas passe a pica para elas, mas faça parecer para a chefia que você é quem resolve tudo; (para a equipe, faça com que eles se sintam imprescindìveis);

- Não diga que as pessoas erraram; diga que eles devem ter entendido errado àquela demanda ou que naquele momento tomaram a melhor decisão que podiam;

- E de novo, cultive relacionamentos: almoce com todos, mesmo com os que não gosta