lunes, septiembre 29, 2008

All Hope is Gone *

“Decidi não ter pena de quem ganha mais do que eu.” Esta frase foi tirada de um compilado engraçadinho de um portal de internet. Li hoje. Calha bem com o momento. Computador com vírus, tédio e salário baixo motivam nova necessidade de mudanças (além de gerarem uma certa revolta, que culmina com o fato de achar a frase acima extremamente válida). De novo? Pois é. Não dá mais para ficar parado. Os outros não fazem por você. Então, mexa-se.

A viagem foi sensacional, mas já não dá pra falar dela. Já cansou. Agora é hora de voltar à realidade e controlar a ansiedade quando sua vida fica caprichosamente nas mãos alheias.

E esta porra desta barra de espaço deste computador (que não é o meu) dá vontade de voltar aos tempos de Terra e esmurrar o teclado. Obrigado pela paciência.

“A ira adolescente já foi bem paga. Hoje estou velho e cheio.” (Serve the Servants – Nirvana)

* "All Hope is Gone" é o nome do novo do Slipknot, que eu só ouvi uma vez e ainda não consegui formar uma opinião. Mas gostei do nome, de qualquer forma.

jueves, septiembre 18, 2008

Falta pouco

No final da primeira semana, depois de já termos conhecido Lisboa e Sintra e de termos escapado da tentativa de roubo no metrô na saída da capital portuguesa, passamos dois dias no Algarve, admirando uma bela paisagem tropeçando alemães e descansando na praia Dona Ana, em Lagos, e areia grossa. Um pouco de topless, sol, bela paisagem e descanso.

No sábado, subimos para Coimbra, no centro de Portugal. Chegamos à noite e nos surpreendemos. Não havia viva’alma na rua. A cidade não é tão pequena, mas é extremamente monótona. Não fosse um jantar na noite de domingo, depois de voltarmos de Fátima (onde as mulheres pagam promessas de joelhos, mas com joelheiras), teria sido praticamente em vão.

Fomos ao “Giuseppe e Joaquim”, filial de uma rede que está em alguns países da Europa, bem perto de nossa pensão. O restaurante, especializado em “cozinha tradicional portuguesa e comida italiana” não era nossa primeira opção, mas como a maioria da concorrência estava fechada no domingo à noite, entramos. E deu certo.

“Bacalhau no Pão” é o nome do prato em que o peixe é mergulhado dentro de um pão redondo (lembra o italiano, mas não é), com muito azeite e cebola.. Este, um pouco mais salgado, era simples, mas muito saboroso. O ponto alto foi o pão, molhado de azeite de oliva da melhor qualidade e com sabor do bacalhau. O atendimento também foi muito bacana: Karine, a garçonete, carioca, é jornalista formada e faz mestrado na Universidade de Coimbra. Há cinco anos em Portugal, parou pra bater papo com os brasileiros aproveitando o fraco movimento naquela noite. Disse que teve de se acostumar com o pragmatismo e o jeito “curto e grosso” de ser dos portugueses, mas está feliz e não volta mais para o Brasil.

Na segunda embarcamos em um autocarro rumo à Freixo de Espada à Cinta, a pequena cidade ou vilarejo, em que meu pai nasceu. Fica ao Norte (Nordeste) de Portugal, fronteira com a Espanha. É um lugar pitoresco, sem muito pra se fazer, claro. A única opção é um passeio de barco pelo rio Douro, mas o horário e um pouco de falta de vontade nos deixaram longe das águas.

De qualquer forma foi curioso ver aquele lugar, cheio de velhinhas sentadas às portas de suas casas, jogando conversa fora, com aqueles vestidos carolas em plena tarde de calor (aliás, a cidade numa segunda à tarde é proibida para cardíacos. Muito estresse e muito agito). O tratamento foi um dos mais cordiais da viagem, além dos preços mais baixos que pagamos para dormir e comer.

Paula, a dona do restaurante em que jantamos, contou, com orgulho, que são 2500 habitantes, ao contrário do que dizia nosso guia. “Eles contam a população dos arredores. Aqui são 2.500”, disse, com um sorriso, cheia de orgulho, explicando que lá ninguém passa aperto. Quem não tinha emprego teve uma boquinha no que chamamos aqui de prefeitura. A escola só tem ensino fundamental. Adolescentes precisam se mudar para Porto ou Lisboa para continuar a estudar. “Este ano era pro meu filho ir, mas eu não quis. Acho que ainda é muito miúdo, então o segurei mais um ano”, disse, acariciando o moleque, que estava muito impaciente,

Além dos quintais das casas das casas terem parreiras e olivas aos montes, a cidade produz um vinho, o Montes Ermos, que experimentamos e aprovamos (embora eu prefira vinhos mais secos). Depois de um dia naquela calmaria, era hora de conhecer o Porto.

jueves, septiembre 11, 2008

Tentativa de roubo

Era quinta-feira, saíamos de Lisboa. Pegamos o metro rumo à estação de comboio para conhecer o Algarve, no sul. Tínhamos que fazer uma baldeação. Descemos na estação, fomos ao sentido correto e sentamos, com os mochilões, à espera do trem.

Quando a carruagem chegou, a Patras entrou logo, pela direita. Eu e mais três caras ficamos à espera de um indivíduo loiro, que estava para sair do vagão, mas, estranhamente, parecia ser impedido pelas outras pessoas. Nesta fração de segundo silenciosa, em que apenas se ouvia resmungos do tal loiro atrapalhado, o cara ao meu lado pôs a mão na minha mochila/mala, como se me ajudasse a entrar no trem. Eu, com as duas mãos firmes na bagagem, nem tive tempo de pensar quando notei ele direcionar a mochila na mão de outro cara, que estava dentro do vagão. Foi tudo muito rápido e silencioso. Neste momento percebi o que ocorria.

Em meio a três caras, eu disse ao que segurava a mochila: “Pode deixar, obrigado”, e forcei passagem entre eles ao mesmo tempo em que a Patras, sem entender direito, mas assustada por não me ver, gritou meu nome. Ao mesmo tempo em que eu escapava da tentativa de golpe, o grito dela serviu para eles desistirem de vez.

Depois disso, o loiro, que apenas ciscava (ele não era impedido de sair do metro, só fazia cena pra desviar atenção alheia), saiu. Andamos uma estação olhando pros caras. Eles, em silêncio, viravam o rosto. Saíram correndo na outra estação.

Tudo silencioso, rápido e razoavelmente bem orquestrado. Três ou quatro deles formavam a pequena quadrilha. Foi bom ser desconfiado e acostumado à criminalidade. Não soltei a mala um segundo. Se tivesse soltado, não estaria aqui comigo. Bem que os amigos leitores do blog avisaram: cuidado no metro lisboeta.

A onda de assaltos e roubos cresce, assusta os portugueses e domina o noticiário. Eles nunca passaram por isso. A maioria dos criminosos é estrangeira, disse uma brasileira que mora em Coimbra. Países do leste europeu e o Brasil fornecem a maioria dos novos criminosos portugueses. Aliás, um mineiro estava numa quadrilha que tentou assaltar um banco e fez reféns em Lisboa há duas semanas. Foi metralhado pela polícia.

martes, septiembre 02, 2008

A primeira semana

Depois de uma noite cansativa no avião, chegamos ao aeroporto de Lisboa. Não foi difícil pegar o autocarro até a praça do Rossio. Foi, sim, difícil achar a Pensão Praça da Figueira, embora estivéssemos de cara com ela. Era domingo de manhã e não havia viva alma no centro de Lisboa. Depois de perguntar para uns três gajos, conseguimos achar a pensão.

Campainha à porta. "Beeeeeeeimmmmm". "Diga." "Tenho uma reserva." "Se tem uma reserva, =)(/&$##&(%$#". Cara de interrogação. "Tenho uma reserva para hoje." Voz mais alta, devagar e com tom jocoso. "POIS SE TEM UMA RESERVA ENTÃO SUBA."

Boa. Primeira lusitanada com as quatro patas. Eu nem tinha largado a mala. Subimos. Dou de cara com a negrona da recepção. Tomei uma lusitanada de uma angolana. A esta altura ela já estava bem adaptada à cultura. De colonizada à colonizadora.

Tivemos de esperar porque chegamos antes do meio-dia. Deixamos as malas e partimos em busca do nosso primeiro "pequeno almoço". Duas meias de leite e uma bola de Berlim. Sim, aqui sonho se chama bola de Berlim. Ou bola de creme. A meia de leite nada mais é do que o café com leite, que também pode se chamar "galão" e ser um pouco maior, no copo.

Escuta-se muito espanhol nas ruas de Lisboa, mas há europeus de todas as partes. Hippies e traficantes dão um tom diferente ao centro. Os traficantes são inusitados: podem ser mendigos velhos ou moleques com cara de playboy.

Belém é histórica e muito bonita. De lá saíram as primeiras embarcações que tinham o objetivo de dominar o mundo, como a que baixou no Brasil. A torre de Belém, o Mosteiro dos Jerônimos e o pastel de Belém valem a visita. O pastel de nata encontra-se em todo o país, mas só lá é quente e crocante daquela maneira. Quente porque a produção é incessante, eles vendem aquilo aos montes, o tempo todo.

O Castelo de São Jorge, em Alfama, é outro ponto alto, bastante bonito. Imagens belíssimas foram feitas lá. À noite, os melhores jantares foram no Bairro Alto, onde há vida noturna na capital lusitana. O "Bota Alta" foi o melhor jantar da estada alfacinha, com um bacalhau frito cheio de cebola e azeite. Além do vinho, claro.

Já havia escolhido a Super Bock como minha cerveja favorita de Portugal quando fomos conhecer, na quarta-feira, Sintra, a montanhosa cidade que fica perto de Lisboa e pode ser alcançada por meio de um comboio (trem).

Paisagens bonitas e muitos monumentos históricos e caros. Ficamos com o Castelo dos Mouros, que já valeu a visita. Os caras deveriam ser muito magros para andar aquilo todo dia.

Deixamos Lisboa rumo ao Algarve. A Patras queria ver praia. O Sul é onde ficam as melhores praias do país. Por sugestão do dono da pensão em Lisboa, ficamos em Lagos, na ponta sudoeste do continente europeu.

A praia de Dona Ana é linda. Descemos do comboio e pegamos um autocarro, que depois foi invadido por três franceses extremamente fedidos. Mas, mesmo assim, valeu a pena. Pena foi não ter levado uma bomba de matar alemães. Lagos é entupida deles. Todos os restaurantes têm cardápios em Deutsche. E eles são muito mal educados, atropelam todo mundo. Minhas raízes judeu-espanholas pré-Inquisição gritaram forte.

Foram dois dias de sossego, curtindo a paisagem. Depois de uma vagabundice, embarcamos para Coimbra no fim de semana. Já sem o guia que comprei na Fnac e que a esta altura deve estar na mão de algum puto no Algarve. Perdemos e não sabemos onde, talvez no telefone público.

O fim de semana em Coimbra fica para depois. O texto ficou enorme e os meus três leitores têm mais o que fazer. Até breve.