sábado, abril 29, 2006

Só pra atualizar

Nada disso é novidade, mas realmente há acontecimentos televisivos de causar nojo. Começando a semana, o pré-candidato do PSDB à Presidência da República, Geraldo Alckmin, esteve no programa Canal Livre, da TV Bandeirantes.

Não esperava imparcialidade jornalística, mas achei o programa uma várzea completa. Os caras nem disfarçaram. Tudo bem que é realmente difícil ver um dos entrevistadores daquela mesa fazer perguntas sérias a um entrevistado. Lembro que quase sentaram no colo do Roberto Jefferson um pouco depois de sua cassação.

Pois bem. No domingo eu via o programa e esperava perguntas pelas propostas do tucano, mas também pelas denúncias que apareceram no último mês sobre sua gestão no governo de São Paulo. Na hora de perguntar sobre o favorecimento a aliados na distribuição de publicidade da Nossa Caixa, (uma espécie de mensalão em escala bem menor, o banco fazia anúncios em rádios e publicações de parlamentares aliados), o distinto Fernando Mitre, diretor de jornalismo da emissora há 200 anos, assumiu o papel: “E o caso da Nossa Caixa?”. O governador responde: “Não há nada de errado. A publicidade era pulverizada em diversos veículos com base em critérios técnicos.” – Aí, qualquer foca rebateria a afirmação com algo do tipo: “Mas se não havia nada de errado, por que seu principal assessor de Comunicação caiu logo após a denúncia sair nos jornais?”

Mas o Mitre não perguntou. E depois: “E os vestidos da dona Lu?” “Olha, foi um erro ela receber os vestidos, mas doou todos e o assunto está encerrado. Todos nós cometemos erros e aprendemos com eles.”

Fácil assim. Mitre fez mais alguma pergunta a respeito? Não. E o restante do programa serviu para que ele criticasse o Lula (o que é natural e legítimo), falasse suas propostas de governo e desse opiniões.

No dia seguinte, a edição da Band News sobre o programa colocava a resposta do candidato no caso da Nossa Caixa em destaque, como se ele tivesse sido satisfatório em sua resposta. E assim, de maneira tão simples, você muda fatos.

Vale lembrar que não estou defendendo o Lula, que, aliás, está bem perto do segundo mandato, principalmente porque tem a TV Globo do seu lado. Inclusive deixou de ser segredo que a emissora “escolheu”o padrão de TV digital pelo Brasil, o japonês, já que os asiáticos vão dar os equipamentos novos para a emissora. O que o governo ganhou em troca? Carícias no presidente e sua gestão.

Nem vou falar de Veja e Época, uma batendo em Lula (às vezes de maneira bastante apelativa) e a outra defendendo o presidente, já que é global...

Nada de novo. Mas quando você já está enjoado, uma só garfada é suficiente para vomitar.

jueves, abril 20, 2006

Batendo bola no campinho

Se meu avô estivesse vivo, diria: "estes jogadores de hoje em dia não têm a raça dos do passado." E ele tem (teria) razão. Infelizmente, em alguns aspectos, os tempos mudaram. É comum ver boleiro sair de campo xingando o técnico porque foi substituído. Reclamam quando são preteridos na escalação. E, se já passaram pela Seleção, se acham intocáveis. Não querem treinar, não querem correr...só se esforçam quando tem um dinheiro a mais em jogo.

Jogador de futebol é como puta. Vejamos:

- Ganham mais em um dia do que a maioria do país ganha em um mês.

- As jornadas diárias exigem preparação física, mas não são iguais às nove horas que qualquer cidadão comum trabalha.

- Vão para onde tiver mais dinheiro, não importa se a diferença for R$ 5.

- Muitas vezes são talentosos, mas acabaram nesta profissão por falta de estudo ou oportunidade.

- São amados num minuto e odiados no outro por seus seguidores/clientes.

- Fidelidade e lealdade são conceitos abstratos. O que importa é dinheiro no bolso.

- Apanham enquanto trabalham.

- Fazem corpo mole mesmo quando estão ganhando (bem) para se mexer.

- Têm como profissão duas paixões do povo (futebol e sexo), mas a costumeira falta de vontade faz lembrar que tudo na vida perde parte da graça quando vira obrigação.

Mesmo assim, ainda prefiro as putas. Não que eu seja cliente. Nunca fui fã. (Acredite quem quiser). É que as damas da noite, da vida ou seja lá como quer chamar não beijam uma camisa diferente por semestre.

miércoles, abril 12, 2006

Depois...

Reportagens e depoimento do agora ex-assessor de Comunicação do governo paulista comprovam favorecimento de Geraldo Alckmin a veículos de comunicação (sic) de políticos aliados nas campanhas publicitárias da Nossa Caixa. Uma espécie de "mensalão", embora de âmbito menor e sem periodicidade definida. Depois, só o PT que é corrupto.

Imagens de TV mostram o jogador Tiago, do São Paulo, sendo roubado dentro de campo pelos torcedores do próprio time. Arrancaram a roupa do cara à força e não me digam que o mesmo aconteceu com o Tostão em 70. Na época, os torcedores, embora exaltados, foram um pouco mais gentis. Depois, só corintiano é marginal e bandido.

Estadão faz reforma gráfica, deixa as matérias um pouco mais leves e fica interessante. Chego até a pensar em assinar o jornal (tá bom, foi uma coisa bem rápida, de momento). Aí eles vem com uma propaganda que mostra, entre algumas micagens ridículas, o Zé Celso Martinez Corrêa (Caetano Veloso do teatro, como diria um mano) de pernas pra cima, brincando, com aquela cara que me causa nojo. Depois, a Folha que é metida a alternativa...

jueves, abril 06, 2006

Há 12 anos

Outro dia fui cobrado por um dos poucos leitores deste espaço pela falta de atualização...Aí resolvi escrever e comecei sem saber o que ia falar...por um destes infortúnios que só a informática é capaz de proporcionar, o texto foi pro saco... Acho que eu estava reclamando da vida... (novidade, né?)

Esta semana, troquei de canal pois estava de saco cheio de ver os bambis empatando com um time mexicano (depois tomaram a virada, chupem bambis)... Parei no Multishow e vi o 987º documentário sobre vida e carreira de Kurt Cobain.

Por gostar muito da banda, já vi muito o que se fez e disse a respeito. Aliás, este documentário não tinha nada de espetacular...Mas ao assistir dei-me conta de algo... a única manchete de jornal que ficou na minha cabeça. "Morto Kurt Cobain, do Nirvana"... Era o JT... peguei de manhã... era um sábado (a notícia demorou para chegar ao Brasil, a internet não existia aqui, era 1994). Lembro de como fiquei... não entendia nada...fiquei bastante chateado...

Além de hoje descobrir que se só lembro de uma manchete de jornal é porque eu não deveria ser jornalista, percebo também que houve motivos para o suicídio do cara. E não é aquela história de "preço da fama".

Ele era um cara problemático, com traumas de infância... Uma mente inteligente e perturbada, como muitas por aí... O peso de ser chamado de "voz de uma geração" atrapalhou, mas o principal biógrafo dele (que fez a pesquisa mais completa), Charles R. Cross, disse que ele era um suicida em potencial e provavelmente se mataria, mesmo que não fosse um "rockstar". Faz sentido.

Já era claro para mim e agora é ainda mais que pessoas não devem ser idolatradas, pois podem ser tão ou mais problemáticas que nós. Admirar o trabalho já tá bom. Endeusar não dá.

Mas tenho que dizer uma coisa: passarei o resto dos meus dias agradecendo a Kurt por nunca ter se sentado com um primeiro-ministro para discutir as conseqüências do ciclo menstrual das abelhas africanas no mundo globalizado.