lunes, octubre 17, 2005

Discussão sem ponta

Desde que começou a discussão sobre o inútil referendo sobre a venda de armas no Brasil já mudei de idéia umas mil vezes. O governo conseguiu o que queria. Gastou R$ 500 milhões para desviar a atenção do povo do escândalo de corrupção e já se prepara para a reeleição. Os caciques começam a tomar seus lugares na escalação do time que vai fazer de tudo para seguir na presidência.

A menos de uma semana da votação ainda não decidi o que fazer. Penso que nada mudará, de um jeito ou de outro. Tem gente que acha que vai aumentar a venda se a lei atual for mantida. Acho que não. Estamos discutindo a venda de 3 mil armas legais no Brasil por ano. Só 3 mil. A maioria das mortes que todo mundo fala acontece por meio de revólveres gelados, muitas vezes vendidos pela própria polícia.

Proibir a venda de armas pode apenas aumentar o preço no mercado negro. Traficantes e policiais acabariam lucrando mais ainda. Quem não consegue comprar uma arma? Se eu andar dez minutos, compro um 38 na favela aqui perto. Fácil.

Quem tem arma com porte não terá que devolver. Os seguranças que comprovarem sua atividade poderão manter as suas. Resumindo: se o sim vencer, a população não será desarmada.

Educar a população seria melhor. Mas será que isso é possível, ou interessante para eles? Vemos pessoas se matando porque torcem para times rivais. Mortes na bala, na faca, na porrada. O problema é a arma de fogo? Não. O problema é que somos todos bichos, mas uns mais bichos do que os outros.

Os "bandidos" (como dizem os reaças) continuarão com armas. As melhores e mais modernas. Moleque na favela vai continuar com o AK-47 na mão em vez do caderno e do livro.
Ou seja, na prática nada muda mesmo.

A violência gerada pelo tráfico de drogas, com a disputas por pontos, balas perdidas e conivência dos políticos e policiais corruptos não vai mudar.

Acho que decidi meu voto. Vou votar não. Se tudo vai ficar igual, pelo menos não ajudo a polícia a ser mais corrupta. Se ninguém vai devolver as armas que têm em casa, que a meia dúzia tenha direito de comprar. O pequeno comerciante pode se defender do ladrão. E não adianta falar que a munição tem data de validade. Nego atira com bala velha mesmo. Ou compra mais no mercado negro.

Os selvagens "comuns" (não-bandidos) se matam. Com arma, faca ou o que for. Então que fique tudo como está. No dia em que eles pensarem na liberação das drogas para acabar com o tráfico e toda violência que gera, alguma coisa pode mudar. E não enquanto o cara tem motivos para pensar se vale a pena ralar por R$ 300, 400 por mês se pode conseguir isso roubando em uma noite. Enquanto isso, o que vale é a lei da selva, predatória. Porque estes caras podem vir te roubar e te matar. Portanto, é melhor que todos tenham o direito de estar armados.

lunes, octubre 03, 2005

Inconformismo

Todos viram na última semana o taxista corintiano dar um tapa no juiz ladrão. "Tá roubando o Curintcha, filho da puta?!" Muito bom. Deveria ter dado uma surra com taco de beisebol.

Curioso é notar como o futebol provoca inconformismo e revolta. Porque é paixão. Pode nos causar alegrias e tristezas. "Ópio do povo." Além da paixão, tem sua importância como "agregador social" e gera empregos e muita receita.

A paixão cega pelo futebol transforma seres comuns em selvagens. Quantas brigas entre torcidas rivais terminaram em mortes? No domingo, a torcida do Internacional, revoltada, digladiou com a polícia no Beira-Rio, em Porto Alegre. Ridículo. Dos dois lados. Quando o assunto é futebol, até gaúcho vira macho (sic).

Porém não notamos o mesmo sentimento na população quando o assunto é outro. Por que ninguém (inclusive eu) fica na moita, à espreita, para dar uma bela peba em José Dirceu, Roberto Jefferson, Severino Cavalcanti ou no Lula? Alguém teria dó? Eu não.

Isso só me faz acreditar ainda mais que o brasileiro não é apaixonado pelo Brasil. Não liga para sua terra, seu povo e seu próprio dinheiro, conquistado, na maioria das vezes, com muito suor e sangue.

Patriotismo, para mim, não é torcer por 22 milionários que vivem na Europa e nem se esforçam em campo. Eles não estão preocupados em honrar as cores que vestem. Quando voltam para casa só querem saber de gastar seu rico dinheiro com putas de luxo e esquecer que um dia foram pobres. Assim como o Lula, que parece ter esquecido que foi um operário.