viernes, junio 30, 2006

Tango


































martes, junio 27, 2006

Copa do Mundo da imbecilidade

Já era de se esperar. Jogo do Brasil na Copa ao meio-dia. A empresa não poderia dispensar os funcionários como fez nas outras partidas. Afinal, um dia inteiro de expediente seria desperdiçado. Prazos a cumprir, dinheiro para entrar.

Então um retroprojetor foi colocado no último andar do prédio em uma sala espaçosa, dividida com pessoas de outra empresa. Nem sei qual.

Aquele amontoado de gente, camisas do Brasil, cornetas, faixas, adereços... começa o jogo e também o festival de imbecilidades. A primeira bola perdida já gera gritos. Histeria feminina. O primeiro gol sai aos cinco minutos e o tumulto é geral. Mal dá pra ver a bola entrar no gol porque já estava todo mundo de pé em frente à imagem na parede.

E os gritos histéricos e suspiros se repetem. Até aí, normal. De repente o Juan cai em uma disputa de bola. A câmera fecha na cara dele e o GC informa o nome do jogador. "Quem é este Juan", pergunta uma. Segue o jogo e o sujeito (meu colega de trabalho) que está ao meu lado reclama: "O Zé Roberto tá fazendo o quê lá na frente? Pensa que é centroavante?"

Final do primeiro tempo se aproxima e o resultado magro preocupa todos. O outro mais ao lado dá a solução: "Tem que tirar o Adriano e colocar o Mineiro. Aí é só adiantar o Ronaldinho." Não consegui ficar quieto: "Você é são-paulino?" Na mosca. Difícil de saber.

Sai o segundo gol dos pés de Lúcio, minutos antes xingado por alguns presentes. Intervalo. Comilança, bebança e mais um monte de besteiras. Preferi não falar com ninguém e aproveitar a bóia de graça por conta da "firrrrma".

Começa o segundo tempo. "Parreira burro", alguém insiste desde o primeiro tempo. Mais alguns minutos e outra reclamação: "O time está recuado demais." Dida faz uma defesa espetacular cara a cara. "Aprendeu no Parque São Jorge." "Não, ele aprendeu mesmo no São Paulo", responde o pseudo são-paulino, seguidor de Bill Gates. "O que você está falando?" "Ele não jogou no São Paulo?" O mano do lado corrige: "Ele jogou no Palmeiras." Pérolas. Deviam estar brincando de Barbie quando Dida apareceu pro futebol.

Mais adiante o jogo vai ficando perigoso. "Este juiz não me enGANA". Piadas infames. Falta paciência. Ou uma granada. Chegamos perto do final do jogo, Zé Roberto de novo está quase na área com a bola. "O que ele está fazendo aí? Pelo amor de Deus!", reclama de novo o distinto ao lado. Gritos, histeria. Gana vai para o ataque. Coro feminino: "Tira, tira." Dida faz mais uma defesa. “Foi sorte", balbucia um idiota.

No final do jogo, Zé Roberto é lançado por Ricardinho, entra livre e fecha o placar. Boa lição para o garoto que brincava de Barbie aprender que meio-campista foi feito para avançar em espaço vazio quando os companheiros estão marcados.

Antes do final, acho que a pedra mais preciosa do momento: Roberto Carlos arrisca um chute de longa distância. Filhote de Bill Gates emenda: "Lembra daquele gol do Brasil de trás do meio do campo? Acho que foi o Zico na Copa de 94." É. Pena que a última Copa do Zico foi em 86. Mas isso ele nem sabe. Aí vem o outro, o mesmo que disse que o Dida tinha jogado no Palmeiras e corrige: "Não, este foi o Nelinho em 82." Acho que ele falava do gol do ex-lateral contra a Itália na decisão do terceiro lugar na Copa de 78.

Acabou. Todos felizes voltam para trabalhar, o que demora ainda mais uns 40 minutos a acontecer de fato. Mas enfim... apesar dessa diarréia verbal promovida por mulheres, viados e idiotas, ainda prefiro isso a estar em uma redação fazendo quatro matérias ao mesmo tempo, ao vivo, cortando foto, e atendendo ao chefe gago “semianalfa” que viaja o mundo para acariciar o órgão genital do assessor de imprensa da CBF.

martes, junio 20, 2006

¿Te quedó loco?

Passamos a vida nos surpreendendo e mudando da idéia. Se não o fazemos é porque somos medíocres demais para estar aqui. Ou arrogantes demais. Ou chatos demais.

Antes que os poucos leitores deste texto se assustem, quero dizer que alguns conceitos e ódios que eu tenho desde agosto de 2001 ainda existem. Mas realmente mudei algumas opiniões a respeito daquela tão mal falada terra.

Nunca pensei ir para lá e ainda mais passar na porta daquele lugar. Há alguns meses isso parecia pura piada. Foram anos de bronca diária, motivada por pessoas de mau caráter. Porém, o mundo dá tantas voltas (passei os últimos 18 meses em um liquidificador) que isso aconteceu.

Foi bom abrir a mente e ter a certeza de que generalizações são quase sempre burras como dizia aquele tal cronista.

Preconceituosos todos somos, contra isto ou contra aquilo. Estou para ver alguém que não tenha preconceito algum, seja racial, regional, de classe, de time, político, religioso...
Porém conhecer pessoas especiais de uma terra que você só pensava em explodir faz bem à saúde. Ser bem tratado por gente que você esperava te pisotear faz bem, muito bem.
Ser surpreendido positivamente ajuda a sentir-nos vivos.

martes, junio 13, 2006

Desapropriação

Há certas relações e decisões que não merecem comentários ou palpites. Em outras, é até proibido falar algo a respeito. Iggor (agora com dois Gs) deixou o Sepultura. Até aí tudo bem. Relações pessoais e profissionais desgastam, etc, etc.

Só que, neste caso especificamente, não é tão simples assim. O cara criou a banda ao lado do irmão, Max. Dois moleques inventaram de fazer metal no Brasil na primeira metade dos anos 80, quando quase ninguém fazia isso aqui ainda. Max saiu em 96. Dizem que a mulher dele, Gloria, empresária da banda, foi o pivô. Nunca vamos saber o que mais rolou. Isso é entre eles.

Agora Iggor alega "incompatibilidade". Já tinha sido "tirado" dos últimos shows da turnê no ano passado.

Só queria entender: os dois caras que criaram a banda foram expulsos dela? Não quero colocar os dois como santos ou injustiçados, não sei o que aconteceu e acho mesmo que é problema deles. Mas os remanescentes - apenas o baixista Paulo Jr. está desde os primórdios - poderiam, ao menos, trocar o nome da banda. Por questão de respeito. Já têm até substituto para a bateria, Jean Dolabella (ex-Udora).

O último disco é temático, sobre a Divina Comédia, de Dante Alighieri. Algo que já soa estranho à trajetória da banda. Pra não falar coisa pior. Há oito anos é estranho ver Derrick Green no lugar de Max Cavalera. Só que agora os limites foram ultrapassados. Desconfigurou tudo.

Quero ainda acreditar na idéia de que banda não é time de futebol.

miércoles, junio 07, 2006

¿Y cuándo no hay crisis acá?

"¿Y cuándo no hay crisis acá?", pergunta Rafael Belvedere a um emissário dos empresários que querem comprar seu restaurante em "El Hijo de la Novia"*. A frase remete-se à perene crise argentina. Embora nem todos os problemas sejam iguais, também cabe para o Brasil.

Guitrarrista de banda famosa é morto em assalto no Rio de Janeiro. Tem cheiro de novo? Não. Nada contra o cara. Mas este tipo de coisa acontece diariamente nas principais capitais do país. Por ser recorrente, só vira notícia quando a vítima é famosa.

Brecha na lei adia julgamento de Suzane Von Richthofen. Algo de diferente? O Código Penal brasileiro que permite, entre outras coisas, que uma pessoa condenada a 30 anos de prisão fique apenas cinco no cárcere, favorecendo ricos e poderosos. Novidade, né?

Em ritmo de Copa do Mundo, qualquer notícia é importante. Bolha no pé de um dos principais jogadores da Seleção Brasileira, ainda mais com a câmera da Globo filmando o cara tirando a chuteira da Nike acaba sendo notícia (concordo). Mas ganhar mais destaque que a violência no Rio e as mamatas conseguidas pela filhinha de papai assassina? Será que está certo? Nada disso é novidade.

¿Y cuándo no hay crisis acá?

*A citação deste filme é uma homenagem a uma das poucas e fiéis leitoras deste espaço.

viernes, junio 02, 2006

Preocupación

Há quem esteja preocupado com a balada dos mascarados brasileiros, com o corte do Edmílson, se Nojento Ceni será mesmo o segundo goleiro do Brasil, já que está inscrito com a camisa 12... mas essa discussão toda fica para os 180 milhões, inclusive mulheres, viados e crianças, que nunca vêem futebol, mas agora torcem com fervor.

Ao que interessa: a Argentina deve estrear com a mesma formação que começou o amistoso contra a Angola em 30 de maio. Isso significa que Saviola e Crespo devem ser titulares do ataque mesmo, apesar de a imprensa local dizer que José Pekerman ainda está aberto a mudanças.

Os problemas: Crespo, mais uma vez, mostrou a falta de intimidade perene que tem com a bola para ser um artilheiro. Perdeu gols na cara do goleiro angolano em um simples amistoso. Imagine no Mundial, pressionado, quando for para valer.

Saviola, além de franzino, é irregular. Há quase um ano não marca pela Seleção (a última vez foi em 15 de junho de 2005); fez apenas nove gols em 31 jogos pela Albiceleste e marcou só 11 gols na última temporada pelo Sevilla, juntando Campeonato Espanhol e Copa da Uefa. É muito pouco.

Carlitos, que até outro dia era considerado titular, pode começar no banco. Aliás, estas indefinições mostram de novo que José não é o homem para comandar a equipe. Ele assumiu há quase dois anos, mudou o time de Marcelo Bielsa, realizou diversos testes e ainda não definiu os 11. Para dar um exemplo que todos conhecem: Parreira também fez testes, mas já há alguns meses todos sabem qual será o time brasileiro na estréia.

Além de indeciso, Pekerman revela-se um "patotero". Seu esquema tático é falho, além de sofrer alterações constantes. A opção por um falso 3-4-3 (ou 4-3-1-2) é complicada, já que não há um ala-direito de ofício. Por aquele setor veremos o zagueiro Burdisso ou o volante Maxi Rodríguez.

Outro grande problema: os machucados. Ayala volta de contusão, Mascherano também. Mas as atenções estão voltadas para Lionel Messi, a grande esperança da imprensa argentina. Sem jogar desde março, quando se lesionou pelo Barcelona, o pequeno Lio está treinando separado dos companheiros. Menos mal que entrou em campo contra o Sub-20 e a Angola e nada sentiu. Mas não tem ritmo para a estréia.

Mais um ponto preocupante é a tremedeira de Pato Abbondanzieri com a camisa da Seleção. Está longe de ser o goleiro seguro do Boca. Apenas para citar: no amistoso contra a Angola se enrolou com duas bolas recuadas. Fica indeciso quando precisa sair do gol. Um inexplicável caso de tremedeira aos 34 anos.

Poderia entrar na discussão dos 23 escolhidos, mas agora é tarde. D'Alessandro não está lá. Para mim, um grande erro.

Se realmente repetir o time que pegou a Angola e que está treinando em Nuremberg, Pekerman começa a Copa com: Abbondanzieri; Burdisso, Ayala e Heinze; Maxi Rodríguez, Mascherano, Cambiasso e Sorín; Riquelme, Saviola e Crespo.

Cadê Lucho González? Poderia ser o homem a cair pela direita no campo. Palacio, do Boca, está muito bem nos amistosos e nos treinos. Poderia roubar o lugar de Crespo. E Carlitos?

Com os que estão lá, meu time seria: Abbondanzieri (ou Leo Franco); Burdisso, Ayala e Milito; Lucho González, Mascherano, Riquelme e Sorín, Carlitos, Palacio e Messi (na estréia poderia se Saviola). Carlitos e Messi jogariam caindo pelos dois lados e se revezando na armação com Riquelme. Uma equipe mais rápida e mais habilidosa.

Boas opções para o meio são Maxi Rodriguez e Scaloni. Nada de Cambiasso, que ficou devendo no Real Madrid. Não levaria Aimar, que pipocou feio em 2002 e nunca comeu a bola em uma partida. E opção para a zaga seria Cufré. Nada de Heinze, para mim uma espécie de Roque Júnior da Argentina. Por quê? Grosso pra cacete, mas inexplicavelmente é (ou foi, no caso do brasileiro) titular da seleção de seu país e joga em time de ponta da Europa.

Mas enfim, agora são apenas lamentos. Resta torcer pelos escolhidos de Pekerman para disputar a Copa com o manto sagrado.