martes, diciembre 09, 2008

Ronaldo no Corinthians

Não deu para ficarm em silêncio com a bombástica contratação de Ronaldo. Não tenho nada de diferente a dizer do que a maioria. O ceticismo da imprensa se justifica, claro. Mas é o que todos estão falando: se jogar 30% do que sabe, já será melhor que qualquer atacante do Brasil no momento.

O principal é: finalmente temos um departamento de marketing. Já somos manchete no mundo todo, já vendemos 80 camisas em poucas horas. O que pode render a venda de camisas por um ano? E um amistoso?

Com Ronaldo atrairemos ainda mais holofotes. E, assim, patrocinadores e dinheiro. Somos um clube endividado. Até o momento, parece jogada de mestre. Ele não pode é se machucar de novo. caso contrário, tiro sairá pela culatra. Mas vale o risco. Quem não arrisca, fica na mesmice.

De qualquer forma, quem terá uma prova de fogo será o professor. Mano Menezes terá de dar tratamento igual a todos os jogadores. A chegada de Ronaldo não pode desestabilizar o grupo. E sabemos que jogador é tão ciumento quanto mulher traída.

Confesso que espero ansioso pela confirmação da chegada de Juan Brujita Verón para a metade de 2009. Aí realmente teremos um time de alto nível. Segura!

Obs: e um dos detalhes mais bacanas: menos de 36 horas depois e todo o noticiário esportivo só fala de Ronaldo e Corinthians. Ninguém mais fala do título do bando gay playboy, que precisou de gol impedido na última rodada. Falem o que quiser, somos a maior marca de futebol deste país.

jueves, diciembre 04, 2008

Fetiche - 1

Estava pensando no que escrever, sem inspiração alguma, e como é fácil enganar meus leitores copiando textos aqui, por mais que eles (os leitores) valham a pena. Em um suspiro nostálgico, lembro-me que os blogs proliferam pela web, mas às vezes sem muito o que dizer. O que falar de música, se punks como Kurt Cobain e Joey Ramone não existem mais? Lamentar-nos da morte de deles para sempre? O que falar de política, se Lula virou FHC e Obama está se mostrando Lula, dando cargos pro PFL norte-americano e pra Hilary Clinton?

Dá vontade de falar de futebol, com um Brasileiro minguado, disputado, mas nivelado por baixo, com o time menos incompetente prestes a ser campeão, mas incapaz de arrancar suspiros por algo mostrado? Que ganhem os outros, os gaúchos, tão chochos quanto.

Talvez seja a hora de falar de cinema. Afinal, Tarantino está vivo, Woody Allen também. Irmãos Coen trabalham a todo vapor e até o cinema brasileiro renasce das cinzas...

Mas o que falar de cinema, afinal?

Roberto estava na sala escura, feliz por ter conseguido uma folga no meio da semana. Terça-feira, 3h da tarde, só tem velhinha e desempregados no cinema. "E eu", pensou.

Lá pela sexta cena do filme senta ao seu lado uma bela morena. Ele demora um minuto para se dar conta de que havia 187 lugares livres e ela sentou justamente ali. Quer olhar para o rosto dela, mas como fazer isso sem que perceba? Por qual motivo ele olharia para o lado? Sente o perfume dela, ouve a respiração, mas não tem coragem de falar nada. A mulher, de saias e salto alto preto, parece entretida com o filme.

Já é metade da película e nada acontece. Ele passara quase uma hora tentando entender porque ela sentaria ali. Convenceu-se: "sim, ela quer dar pra mim. Só pode ser. É uma daquelas sortes grandes que só acontecem uma vez."

Começa a tomar coragem pra ir pra cima. Tocar a mão, perguntar o nome, ou já sair agarrando... qualquer coisa. Precisa fazer algo, é a oportunidade de uma vida! De repente, uma cena de sexo na tela. Caramba, que momento propício. Respira fundo, se ajeita na cadeira, olha pro lado e... ela levantou! Como? Por que? Está louca?

Rapidamente ele se recompõe, fingindo que a virada de pescoço foi apenas aquele movimento involuntário social de perceber a chegada ou saída de quem está sentado perto de você. E como esta atriz é gostosa! Sente uma ereção. Ainda bem que ninguém está vendo! Nossa, por que isso foi acontecer? "Acho que foi mais o tesão na mulher aqui do lado do que pela que está na tela", respondeu a si próprio.

O filme parte para uma perseguição policial. Carros entrando na contramão, tiros, derrapagens, e... opa.

"Tudo bem?" "Tudo." "Apenas me beije, não fale nada. Estou sem calcinha, sentando agora em você. Me faça feliz, eu te faço feliz. Não pergunte meu nome, meu telefone, nem nada. Apenas curta o momento. Posso te garantir que não tenho doença alguma." O tesão era tanto, que os dois gozaram antes da perseguição de carros acabar. Ela sussurou no ouvido, suavemente: "Obrigada", com aquela boca de batom vermelho.

De calça ainda aberta e embasbacado, Roberto limpou a gota final que insiste em lambusar tudo nas "fodas sentado' com o saco da pipoca. Viu o final do filme, embora não tenha entendido até agora porque o policial não prendeu o traficante, já que chegou a algemá-lo.

As luzes acenderam. Levantou-se. Caminhou lentamente para o fundo da sala. No canto esquerdo, uma senhora de cabelos brancos, com colar de pérolas, blusa de lã e boca roseada. Ele pode jurar até agora que ela piscou pra ele.

martes, diciembre 02, 2008

O Ramones, por Forastieri

Como ando com inspiração zero para escrever sobre qualquer coisa e este blog está respirando por aparelhos, coloco aqui um texto excelente de André Forastieri, jornalista das antigas, também excelente, que tem publicado textos antigos no seu blog: André Forastieri

"É duro ser um garoto de doze anos afundado até o queixo no lodoso tédio urbano. Todo mundo dá palpite na sua vida. O status em casa e na rua, a voz e até o corpo ainda são de criança – mas os instintos são de homem, e as garotas, todas ficando peitudas, não estão nem aí com você. Escrotas. Piranhas.

A única saída é dar uma de muito mais durão do que você realmente é. Começar a beber, fumar, bater punheta direto. E estar pronto para sacrificar qualquer coisa por alguns momentos de diversão adrenal.

Mas dá mesmo para sacrificar? É difícil. Nem todo mundo é durão de verdade. Dá até para afetar a cara de mau, mas no fundo você gojavascript:void(0)sta de sessão da tarde… jogar fliperama, tomar milkshake, ouvir rock altão no seu quarto só para zoar com a mãe, pegar uma praia, passear ao crepúsculo de mãos dadas com sua baby (quem dera)…

Dá para jogar tudo para o alto só por um pouco de alegria? Vale a pena matar aula o tempo inteiro, não estar nem aí com a escola? Sim, se isso garantir a admiração das minas e o respeito dos colegas. Mas e se depois você acaba tomando pau por causa disso? Cheirar cola é gostoso… mas faz mal! Mas… qual é o problema de fazer mal? No fundo você vai acabar morrendo mesmo!

Viver é uma confusão desgraçada – e nunca isso fica mais claro na vida de um homem do que quando começam a aparecer os primeiros pêlos na cara.

O absurdo é que quatro nova-iorquinos broncos tenham capturado com tanta precisão este estado de espírito púbere que-se-foda. Sem intelectualismo nem autoparódia e em plena hegemonia Yes-Led, os Ramones inventaram o som da adolescência. Puro, sem misturas, sem gelo.

As bases já existiam, claro. O rock de garagem dos anos 60, a surf music, o bubblegum, Stooges, os Stones do começo, New York Dolls. O próprio Joey Ramone começou a cantar numa banda glam (o Sniper).

Mas os Ramones levaram a coisa um passo adiante, indo direto ao esqueleto do negócio: músicas de dois minutos, refrões simples e riffs primários, letras que viam a dor e a delícia de ser teenager através do rayban da cultura popular mais acessível e rastaqüera.

Tudo tão rápido, pesado e pegajoso quanto possível. Urgente como um comercial de TV. Punk rock, mesmo – se você pensar que punk originalmente significa vagabundo de rua, tranqueira, cara inútil para a sociedade.

Rocket To Russia pegou o que já era perfeito – os dois primeiros discos do grupo, Ramones e Leave Home, ambos de 76 – e elevou à categoria de transcendental. Tem duas covers, “Do You Wanna Dance?” e “Surfin’ Bird”, que dispensam comentários. E outras doze faixas originais essenciais, escritas com senso de humor, produzidas com capricho minimalista e executadas com a fúria e o tesão de quem está se divertindo pra cacete – contra tudo e todos. Entre “Rockaway Beach” e “Teenage Lobotomy” está tudo o que você precisa saber sobre rock.

Também tem “Sheena Is A Punk Rocker”, “Cretin Hop”, “I Wanna Be Well” – mas escute, não é isso que importa. Não importa que Johnny Rotten e Joe Strummer e esse bando todo de ingleses tenham se inspirado e imitado os Ramones, nem que grande parte da new wave, do punk e todo o hardcore deva as calças ao quarteto. Não importa a famosa cena do CBGB, nem o Blondie, nem os Talking Heads. Se discos futuros seriam irregulares, se eles bebiam ou se drogavam, se eles se repetiram, se Dee Dee compunha melhor que Johnny, se Mark isso e aquilo – naaaada disso importa.

O que importa é Joey Ramone cantando “I don’t care about this world/I don’t care about that girl… I don’t care”. Eu não tô nem aí, não tô nem aqui e quero que tudo mais vá pro inferno. I just wanna have some fun.

Ramones, a melhor banda de rock’n’roll da história – provavelmente."

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