Um copo de realidade - Parte 1
“Vamos sentar lá fora?” “Enquanto ela termina de limpar a cozinha.” “Vamos”. Wanderléa acendeu um cigarro e, por mais que aquele domingo à tarde não pedisse nenhuma reflexão, ela começou: “Sabe, eu só fui descobrir o que era gozar quando me separei.” Villa, assustado, quase engasga com a Coca que tinha acabado de colocar na boca. Mas conseguiu se conter e fingiu que ela falava sobre as nuvens. “Mesmo?” “É. E olha que fiquei 14 anos casada.”
Villa franziu a testa. Não sabia o que dizer. Afinal de contas, por que ela estava contando tudo aquilo?” Conheço essa mulher há dois meses e ela começa com este papo?”, pensou. “Informação desnecessária.”
Para Villa já era suficiente. Ele até desejou ser surdo por uns instantes. Depois achou um absurdo, seria pecado. “Pecado o quê, se não acredito em Deus?” E Wanderléa, sem titubear, continuou com suas confissões (ou seriam desabafos?) de quarentona. “Ele montava em cima, dava uma, virava e dormia.”
“Já sei porque se separaram”, pensou Villa. Pensou. Porque falar era algo que, decididamente, ele não ia fazer. “Começo a meter o pau no cara para ser solidário e vai que ela se dói? Mulheres são imprevisíveis.” O silêncio e a cara de paisagem em um momento daqueles seriam demonstração de pura sabedoria.
Quando começou a digerir a informação, pensou em revoltar-se. Afinal de contas, aquilo ia contra a classe macha! Mas aquele princípio de vulcão foi apenas uma ameaça. Quieto, escutou mais algumas considerações sobre como não se deve comer uma mulher.
Quase um ano depois, o cenário era parecido e os interlocutores também. Wanderléa, agora, estava em crise financeira. Com problemas sérios, reclamava que não queria mais trabalhar, mas precisava, pois estava cheia de dívidas. Foi então que, com uma ponta de sorriso nos lábios, ela mostrou a Villa do que a vida é feita: “Eu bem que poderia casar de novo com o Diocleciano, né? Ele virou executivo depois que nos separamos.”
Villa franziu a testa. Não sabia o que dizer. Afinal de contas, por que ela estava contando tudo aquilo?” Conheço essa mulher há dois meses e ela começa com este papo?”, pensou. “Informação desnecessária.”
Para Villa já era suficiente. Ele até desejou ser surdo por uns instantes. Depois achou um absurdo, seria pecado. “Pecado o quê, se não acredito em Deus?” E Wanderléa, sem titubear, continuou com suas confissões (ou seriam desabafos?) de quarentona. “Ele montava em cima, dava uma, virava e dormia.”
“Já sei porque se separaram”, pensou Villa. Pensou. Porque falar era algo que, decididamente, ele não ia fazer. “Começo a meter o pau no cara para ser solidário e vai que ela se dói? Mulheres são imprevisíveis.” O silêncio e a cara de paisagem em um momento daqueles seriam demonstração de pura sabedoria.
Quando começou a digerir a informação, pensou em revoltar-se. Afinal de contas, aquilo ia contra a classe macha! Mas aquele princípio de vulcão foi apenas uma ameaça. Quieto, escutou mais algumas considerações sobre como não se deve comer uma mulher.
Quase um ano depois, o cenário era parecido e os interlocutores também. Wanderléa, agora, estava em crise financeira. Com problemas sérios, reclamava que não queria mais trabalhar, mas precisava, pois estava cheia de dívidas. Foi então que, com uma ponta de sorriso nos lábios, ela mostrou a Villa do que a vida é feita: “Eu bem que poderia casar de novo com o Diocleciano, né? Ele virou executivo depois que nos separamos.”