História de um moleque (Final)
Anchieta. Frio no estômago. Ansiedade pura. A cada quilômetro aumenta o nó. “Km 14, acho que é aqui. Cacete, quanto carro!” O caminho é curto, mas o trânsito impede chegar rápido. “Onde eu vou parar, onde eu vou parar? Aqui. Não, aqui é proibido. Estacionamento. Pode ser uma boa. Terei de vir todos os dias. Mas e se for caro? Quanto é o mensal, amigo?” “RS 35”. “Beleza.” Encosta o carro.
“Paga na volta.” Legal. Primeiro problema resolvido. E é barato! Gente vai, gente vem. Sorrisos, abraços. Um pouco de raiva de tanta felicidade. “Será que um dia vou ficar feliz de vir pra cá?” A ansiedade é tanta que um cigarro duraria 30 segundos. Mas eu não fumo. Então ando. E rápido. Mas parece que não chego nunca... Hot dog. Cerveja. Sorrisos, cigarro, cerveja, hot dog. Marra, surfistinhas. Carro aberto, som alto.
Entrei. Essa ladeira é gigante. O que eles querem? Que eu estude ou que eu emagreça? Ninguém é barrado. Não sei se é bom ou ruim. Passo vai, passo vem e este monte de árvores engana bem. Clima de campus. Será que vou ficar aqui sentado no bosque alguma vez?
Cheguei. Faltam só mais alguns degraus. Agora meu estômago parece a “massinha” de modelar do Pré II. Última escada. Olho pra cima. Opa. Duas caras conhecidas. No meio da multidão desconhecida, rostos vistos uma vez tornam-se pessoas amigas. Um eu falava no cursinho. O outro é aquele meio estranho, que ficava quieto no canto da sala lendo revista de guitarra. Nem lembro o nome dele.“Opa, e aí?” “Opa.” “Beleza?” “Beleza.” “Conhece?” “Conheço”. Amenidades. Entramos na sala. A sensação de solidão dá um tempo.
Lembro de quando tirava 10 em matemática. Faz muito tempo. As primeiras notas vermelhas. Os gols no campeonato do colégio. Saudade. O fora no baile da 6ª série. As baladas no colegial e a descoberta de novos mundos. Será que aqui vou descobrir algo novo? Quis tanto chegar aqui e não me parece nada demais. O professor não chega. Os veteranos tentam entrar na sala, mas não assustam nem uma barata.
O professor finalmente aparece com aqueles óculos de intelectual e sua voz denuncia: é o cara que gravou aquela propaganda de comida pronta: “Sou eu, seu estômago.”
Um dia, dois dias. Nada de conteúdo. Uma gripe, umas faltas, a volta e o começo de verdade. Se é que começou de verdade um dia. O cara do cursinho pede uma carona. É caminho mesmo. Vambora... “Ow, eu tenho uma banda...Estamos procurando um baterista...”
“Paga na volta.” Legal. Primeiro problema resolvido. E é barato! Gente vai, gente vem. Sorrisos, abraços. Um pouco de raiva de tanta felicidade. “Será que um dia vou ficar feliz de vir pra cá?” A ansiedade é tanta que um cigarro duraria 30 segundos. Mas eu não fumo. Então ando. E rápido. Mas parece que não chego nunca... Hot dog. Cerveja. Sorrisos, cigarro, cerveja, hot dog. Marra, surfistinhas. Carro aberto, som alto.
Entrei. Essa ladeira é gigante. O que eles querem? Que eu estude ou que eu emagreça? Ninguém é barrado. Não sei se é bom ou ruim. Passo vai, passo vem e este monte de árvores engana bem. Clima de campus. Será que vou ficar aqui sentado no bosque alguma vez?
Cheguei. Faltam só mais alguns degraus. Agora meu estômago parece a “massinha” de modelar do Pré II. Última escada. Olho pra cima. Opa. Duas caras conhecidas. No meio da multidão desconhecida, rostos vistos uma vez tornam-se pessoas amigas. Um eu falava no cursinho. O outro é aquele meio estranho, que ficava quieto no canto da sala lendo revista de guitarra. Nem lembro o nome dele.“Opa, e aí?” “Opa.” “Beleza?” “Beleza.” “Conhece?” “Conheço”. Amenidades. Entramos na sala. A sensação de solidão dá um tempo.
Lembro de quando tirava 10 em matemática. Faz muito tempo. As primeiras notas vermelhas. Os gols no campeonato do colégio. Saudade. O fora no baile da 6ª série. As baladas no colegial e a descoberta de novos mundos. Será que aqui vou descobrir algo novo? Quis tanto chegar aqui e não me parece nada demais. O professor não chega. Os veteranos tentam entrar na sala, mas não assustam nem uma barata.
O professor finalmente aparece com aqueles óculos de intelectual e sua voz denuncia: é o cara que gravou aquela propaganda de comida pronta: “Sou eu, seu estômago.”
Um dia, dois dias. Nada de conteúdo. Uma gripe, umas faltas, a volta e o começo de verdade. Se é que começou de verdade um dia. O cara do cursinho pede uma carona. É caminho mesmo. Vambora... “Ow, eu tenho uma banda...Estamos procurando um baterista...”