"Kurt Cobain - Sobre um Filho"
"Kurt Cobain - Sobre um Filho", que está em exibição na Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, do diretor AJ Schnack, é uma edição de mais de 25 horas de entrevistas brutas em áudio do jornalista Michael Azzerrad com o ex-líder do Nirvana, de dezembro de 92 a março de 93, 13 meses antes de seu suicídio, em abril de 94. Antes do filme, este material deu origem ao livro "Come As You Are: The Story of Nirvana", de Azerrad.
Há poucas imagens do músico e da banda. O áudio é acompanhado por uma boa trilha sonora, que passeia pelos gostos de Kurt, que iam de Lead Belly a David Bowie, os dois retratados no Acústico que o Nirvana fez para a MTV em 93.(Lead Belly, embora não seja o autor, foi quem popularizou "Where Did You Sleep Last Night"). Destaque para a introdução com imagens aéreas, a melancólica e bonita "Overture" (De Steve Fisk e Benjamin Gibbard).
Para um fã, foi decepcionante. É fraco como filme. As imagens de Aberdeen, Olympia e Seatlle, redutos de Cobain (ele nasceu na primeira, a menor e mais caipira) ilustram suas declarações. Mas só o áudio importa. É um conteúdo muito interessante para tentar entender o que passava na cabeça daquele cara que pirou após receber o título de "músico que mudou a história do rock dos anos 90". Mas não traz grandes novidades, é verdade.
Entre as confissões e relatos, estão a complicada relação com os pais e a separação do casal, a adolescência em que apanhou na escola, a tentativa de ser 'geek' e se isolar do mundo, sua relação com os companheiros de banda, a amizade cúmplice com o baixista Chris Novoselic, a vontade de acabar com o Nirvana e tocar com outras pessoas. Também ressaltou sua sintonia musical e amor por Courtney Love, sua mulher, (acusada por alguns de tê-lo matado, embora isso pareça pura teoria da conspiração para vender livros e filmes) e o ódio pelos jornalistas, que o perseguiam após a fama. Sentia-se pressionado o tempo todo e estava de saco cheio disso.
O que há de mais marcante no filme é sentir que ele falava de sua banda, ainda no auge, no passado. Em algums momentos, é como se estivesse contando sua história já morto ou após ter largado a banda. A própria tragédia anunciada. Ele também diz, em uma das entrevistas, que já não pensava no suicídio, que aventara diversas vezes. E fazia planos para a filha, ainda recém-nascida.
Outro ponto interessante é: o total desprezo pela humanidade. Ele deixou claro que tentava se controlar porque sentia ódio e desprezo por todos que chegavam perto. As pessoas o irritavam e ele tentava disfarçar isso. Mas era tido como carrancudo. E talvez este seja um dos principais fatores para este cara ter feito músicas tão boas e que transformassem a vida de tanta gente: o desprezo por seus semelhantes. Ele bem que podia ter entrado em algum lugar público e matado umas 20 pessoas em vez de se matar. Mas aí ele seria apenas mais um psicopata norte-americano, não uma lenda do rock.
Saudades daquela fúria adolescente e daqueles acordes sujos e raivosos de guitarra.
Há poucas imagens do músico e da banda. O áudio é acompanhado por uma boa trilha sonora, que passeia pelos gostos de Kurt, que iam de Lead Belly a David Bowie, os dois retratados no Acústico que o Nirvana fez para a MTV em 93.(Lead Belly, embora não seja o autor, foi quem popularizou "Where Did You Sleep Last Night"). Destaque para a introdução com imagens aéreas, a melancólica e bonita "Overture" (De Steve Fisk e Benjamin Gibbard).
Para um fã, foi decepcionante. É fraco como filme. As imagens de Aberdeen, Olympia e Seatlle, redutos de Cobain (ele nasceu na primeira, a menor e mais caipira) ilustram suas declarações. Mas só o áudio importa. É um conteúdo muito interessante para tentar entender o que passava na cabeça daquele cara que pirou após receber o título de "músico que mudou a história do rock dos anos 90". Mas não traz grandes novidades, é verdade.
Entre as confissões e relatos, estão a complicada relação com os pais e a separação do casal, a adolescência em que apanhou na escola, a tentativa de ser 'geek' e se isolar do mundo, sua relação com os companheiros de banda, a amizade cúmplice com o baixista Chris Novoselic, a vontade de acabar com o Nirvana e tocar com outras pessoas. Também ressaltou sua sintonia musical e amor por Courtney Love, sua mulher, (acusada por alguns de tê-lo matado, embora isso pareça pura teoria da conspiração para vender livros e filmes) e o ódio pelos jornalistas, que o perseguiam após a fama. Sentia-se pressionado o tempo todo e estava de saco cheio disso.
O que há de mais marcante no filme é sentir que ele falava de sua banda, ainda no auge, no passado. Em algums momentos, é como se estivesse contando sua história já morto ou após ter largado a banda. A própria tragédia anunciada. Ele também diz, em uma das entrevistas, que já não pensava no suicídio, que aventara diversas vezes. E fazia planos para a filha, ainda recém-nascida.
Outro ponto interessante é: o total desprezo pela humanidade. Ele deixou claro que tentava se controlar porque sentia ódio e desprezo por todos que chegavam perto. As pessoas o irritavam e ele tentava disfarçar isso. Mas era tido como carrancudo. E talvez este seja um dos principais fatores para este cara ter feito músicas tão boas e que transformassem a vida de tanta gente: o desprezo por seus semelhantes. Ele bem que podia ter entrado em algum lugar público e matado umas 20 pessoas em vez de se matar. Mas aí ele seria apenas mais um psicopata norte-americano, não uma lenda do rock.
Saudades daquela fúria adolescente e daqueles acordes sujos e raivosos de guitarra.